Minha homenagem às mulheres que já viveram ou que estão vivendo o que vivi.
Eu vim de onde não se podia sonhar
Sem sonhos eu vim
Eu vim de onde tudo tinha o seu lugar
Tudo tinha um valor para ficar
Mas não havia lugar
Não havia lugar pra mim.
Mas a esperança que cega
Faz se dar mais do que se deu
Por esperança você se entrega
Quando vem a dor, você nega
Dizendo: a culpada sou eu.
Mesmo triste, leva o sorriso
O lar é a recompensa
Fazendo tudo que é preciso
Mudando o inferno em paraíso
Dizendo: humilhação não é ofensa.
E se apressa em mais dedicação
Para que o outro não se zangue
Até que o peso de uma mão
Faz doer seu coração
Do que o gosto do próprio sangue.
Mas a esperança tola insiste
Não custa nada perdoar
É só um momento triste
Amor perfeito não existe
Amanhã tudo vai mudar.
O amanhã chega e novamente
A mão desce mais forte
O sangue escorre, você já não sente
Aceita simplesmente
A sina de vida ou de morte.
Já não faz mais planos
Pouco importa o que quer
Pouco importa dia ou anos
Não se sente um ser humano
Quanto mais uma mulher.
Apenas lhe resta um caminho
Tomar para si a vida a que tem direito
Pois o amor não se basta sozinho
Ele vive à sombra do carinho
E abraçado às raízes do respeito.
CRIS FERREIRA.