quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

PERMITA-SE



















Ao encontrar as minhas letras
Desarme o teu entendimento
Se entregue ao que não é teu,
Viva a vida que não é tua,
Ame um pouco o que não compreende,
Atreva-se a essa aventura.
Para beber de mim
O doce e o amargo dos meus versos.
Caminhe nos meus segredos,
Pouse as tuas mãos nos meus lamentos,
Dance no arco do meu sorriso,
Deite-se na cama dos meus olhos,
Para ver a minha alma nua.
Até que o poema termine;
As letras se acabem,
E a realidade comece.

CRIS FERREIRA



quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

COTIDIANO















Nasceu o sol!
Disse: Bom dia!
Manhã fria,
Outra vez!
Essa chaleira apitando,
Novamente o vizinho gritando!
Italiano ou português?
Ora, não importa saber quem é,
Onde está o meu café?
Essa não! Minha meia desfiada!
E eu sem tempo pra mais nada!
É trocar a meia e ir embora.
Que horas são agora?
Pronta não pronta,
Seja o que Deus quiser!
Todo dia é sempre assim,
Eu correndo atrás de mim,
Ativa, viva, mulher.

CRIS FERREIRA


MEU EPITÁFIO















Quando eu me for, chorem pouco. Já lamentei demais em vida, poupem-me de lamentações na minha morte.
Quando eu me for vistam-se de cores vibrantes, chamem atenção para si, eu já chamei atenção demais para mim.
Quando eu me for quero orações, não para mim, mas para os que ficam; eu sei bem que viver não é fácil!
Quando eu me for, não quero flores, prefiro caneta e papel enquanto assisto e escrevo suas histórias.
Quando eu me for, me esqueçam!
Saudade do que não mais existe é ilusão; bem pelo menos para mim.
Quando eu me for, perdoem meus defeitos, se é que vai ser possível vocês lembrarem-se de todos.
Quando eu me for, deixem que eu, apenas eu fique com as lembranças; pois o melhor de mim eu deixei, que foi o amor pela vida.

CRIS FERREIRA



ANTIGO



















A casa velha,
As frestas na parede,
A pintura descascada,
O fogão de lenha.
A inocência,
A carência,
A ilusão.
Esperanças demais,
Sonhos demais,
Dobrados à espera das estações
Que passaram... passaram
Até que a vida se tornou gente grande,
E as lembranças, um relicário esquecido;
Que ninguém se interessa em ler,
Que você mesmo não se interessa em ler.

CRIS FERREIRA


A PONTE















Atravessei a ponte do tempo

E saí a minha procura
Chamei meu nome
O silêncio respondeu...
Não ouvi, segui...
Ainda procurando por mim,
Parei sob as sombras dos meus segredos
De tão patéticos, sorri
E de todas as lágrimas passadas
Me lavei...
Então, na volta,
A ponte atravessei
O passado não está mais aqui.
A ponte ruiu,
Quem procurava partiu,
Voltei... venci!

CRIS FERREIRA  










domingo, 20 de janeiro de 2013

O ESPELHO




















Quando se ama o amor
Cria-se uma redoma imensa
Finge-se uma realidade sem dor
E ilusão de amor
É a razão que não pensa.

Retém-se a vontade de ser
Para explodir em louco querer
Enquanto nada se tem
Doando falsa felicidade
Jurando fidelidade
Ao amor que é de ninguém.

Quem amou o amor e não o ser
Patético se tornou em seu próprio drama
Espelho do outro, amou a esmo
Já que ninguém gosta de levar pra cama
O retrato de si mesmo.

CRIS FERREIRA
 
  

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

ANJOS















Sim! Existem anjos!
Suas asas não pertencem aos nossos olhos
Mas eles estão aqui.
No despertar da dor,
Nos embalam com sorrisos.
Na construção de ilusões,
Nos alertam com a verdade.
Uns gritam, outros sussurram,
Uns choram, outros nos fazem chorar...
Sim! Existem anjos!
Que vem em forma de apelo, outros em forma de esperança;
Mansos, rebeldes,
Rudes, suaves...
Que nos pegam com carinho pela mão,
Outros que nos arrastam pelo caminho.
Sim! Existem anjos!
Não são feitos de nuvem,
Não são feitos de sonho,
São feitos de gente; como a gente,
Quando doamos o melhor de nós mesmos...
Buscando, entregando,
Amando, vivendo...